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Buda Shakyamuni

Budismo Tibetano

 

De modo simples, aquilo a que chama-mos Budismo, refere-se aos Ensinamentos transmitidos por Buda Shakyamuni desde há dois mil e seiscentos anos aproximadamente. Os Ensinamentos do Buda, mais correctamente designados como Buda Dharma, na sua essência são um guia no caminho, um mapa, sobre como descobrir e manifestar a plena e total liberdade do sofrimento, o estado de Buda. A Natureza de Buda é intrínseca a todos os seres, sendo assim possível a todos descobrir tal realização.

 

Descobrindo o Despertar do Buda Adormecido

 

Do ponto de vista do Dharma, a nossa mente não está no estado natural ou original, por isso mesmo, a percepção que temos de nós, dos outros e do universo é falaciosa, confusa e ilusória. O propósito último do caminho é descobrir o estado de Buda, a nossa “sanidade”, a condição original. O desvanecer desses véus de percepção errónea a que os Budas, os seres realizados, sabem ser ignorância. 

 

Ao ser procurado por inúmeras pessoas, o Buda ensinou, de diferentes formas, de acordo com as capacidades e necessidades dos seus ouvintes. Deste modo, diferentes pessoas ou grupos, receberam Ensinamentos de acordo com os seus temperamentos, personalidades, culturas, acuidade mental e conhecimentos que possuíam.

 

As Três Rodas do Dharma

 

Os diferentes Ensinamentos e metodologias transmitidas pelo Buda, deram assim origem a três veículos, com que percorremos o caminho, para a realização. Estes veículos, em sânscrito Yanas, agrupam em si todas as Escolas Budistas ainda hoje existentes. Os Três Yanas, ou veículos, são: Hinayana, Mahayana e Vajrayana. Sendo que o Budismo Tibetano integra Ensinamentos e práticas de todos os veículos; é todavia, particularmente louvado por preservar o Possante Veículo do Diamante, o Vajrayana, o Caminho Rápido para a Iluminação.

 

Quem foi o Buda

 

O Buda histórico nasceu no norte da Índia no século VI a.c. e recebeu o nome de Siddharta, "Aquele Que Satisfaz Todos os Desejos". O seu pai, o Rei Sudodana, era o regente dos Shakyas e era casado com a rainha Maya. Estudos astrológicos feitos quando Siddharta era ainda um recém-nascido previam que este ou seria um grande imperador ou escolheria a vida de um sábio asceta, que beneficiaria o mundo. O pai, determinado a que o filho fosse o seu sucessor no trono, cercou-o com uma vida de riquezas e prazeres; nunca permitindo que este deixasse o palácio e satisfazendo todos seus desejos. Deste modo, Siddharta cresceu cercado de pessoas jovens e saudáveis, casando-se, aos dezasseis anos, com Yasodara, uma bonita princesa.

 

Rompendo o casulo

 

Inspirado por vários eventos, Siddharta, insistiu em conhecer a realidade para além dos muros, a vida fora do palácio. Ao que o Rei acedeu, mas não sem antes dar instruções muito criteriosas e específicas sobre o que príncipe deveria ver. Que este visse somente o lado “bom” e “dourado” da vida, as coisas belas. Apesar da cuidadosa estratégia, o Infante, viria a vislumbrar, pela primeira vez, o sofrimento e as dores da realidade humana.

 

Depois disso nada o pode parar, saiu furtivamente do palácio várias vezes e, em cada uma das incursões, deparou-se com a doença, a velhice e com um cadáver, a crua prova da morte. O confronto com a vulnerabilidade humana deixou-o abalado e chocado. Siddharta, agora, estava determinado: haveria de encontrar a completa cessação do sofrimento, a liberdade genuína.

 

A Libertação de Siddharta, o Acordar do Buda

 

Com 29 anos, Siddharta, abandonava a vida palaciana e a perspectiva do trono monárquico. Tornar-se-ia um asceta em busca da verdadeira liberdade e realização. Durante seis anos, dedicou-se a uma vida de austeridade e seguiu os maiores mestres da Índia de então; estudando e saboreando a experiência vivencial dos seus métodos. Apesar da sua tamanha inteligência, diligência e dedicação, louvado pelos seus mestres, não encontrou a resposta para alcançar a plena libertação do sofrimento.

 

Rumou então para Gaya, um vilarejo indiano no actual estado do Bihar, hoje conhecido como Bodhgaya. Ali, permaneceu quarenta e nove dias e noites, debaixo de uma árvore em meditação. Pela madrugada, erradicando subtis véus da escuridão, descobriu a sua, também nossa, verdadeira natureza: o estado iluminado, o Buda. Sendo desde então conhecido como o Buda Shakyamuni. 

 

A Escola Nyingma

 

Os Ensinamentos de Buda Shakyamuni chegaram ao Tibete pela primeira vez durante o século V. Mas, seria apenas em meados do século VIII, quando o Rei Tibetano Trisong Deutsen convidou dois Mestres Indianos, o monge e erudito Shantarakshita e o Mestre Vjra Guru Padmasambava para construírem o Mosteiro de Samye, que o budismo se alicerçaria firmemente no País das Neves. Foi durante essa primeira fase da propagação do Dharma no Tibete, que surgiu a mais ancestral das escolas de Budismo no Tibete, a Escola Antiga, em tibetano a Escola Nyingma.

 

As Novas Escolas

 

Posteriormente, no século XI, houve um novo fluxo de mestres indianos, viagens à Índia e novas traduções de textos sagrados. Com isso formaram-se novas linhagens de prática. Surgiram então aquelas que são conhecidas como as três novas escolas: Escola Kagyu, trazida da Índia por Marpa, Escola Sakyapa, fundada por Konchog Gyalpo e a mais tardia Escola Geluk, fundada por Tsongkhapa no século XV. Como resultado, foram estabelecidas quatro escolas principais que prevalecem até à actualidade: Nyingma, Kagyu, Sakya e Gelukpa.

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